07 maio 2008

As moiras


As moiras riem de nós...

Você já se sentiu sendo arrastado pela vida?
Como se você não tivesse nenhum controle,
nenhum poder sobre os acontecimentos, como se
você fosse uma reles peça de um quebra-cabeça
que outra pessoa está montando?
Os gregos explicavam essa sensação pelo mito
das Moiras ou Fatalidades, que seriam as senhoras
do destino humano, responsáveis pelo fio da vida de cada um.
Cloto fiava, Láquesis determinava o comprimento do fio
e Átropos o cortava quando ele atingia o tamanho determinado.
O tempo dos mitos passou, e começamos a acreditar que
o homem é o centro do universo, que temos domínio sobre
a nossa vida e sobre o que está em torno de nós.
Perdemos a noção da nossa fragilidade, passamos a nos dar importância demais.
Você vive correndo e nem percebe como depende dos movimentos no seu cotidiano, até que você escorrega, leva um tombo numa escada e precisa ficar vários dias em repouso. Você está dirigindo e acha que está no controle, porque você sabe dirigir. Mas não pensa que alguém, num outro carro, pode estar alcoolizado ou simplesmente distraído, e pode provocar um acidente fatal, inclusive ou apenas pra você.
É assim que a gente vive. Ignorando que não temos, nunca tivemos e provavelmente nunca teremos poder absoluto sobre as nossas vidas. Temos, sim, poder sobre as nossas escolhas. Mas elas não definem integralmente os rumos que tomamos. As escolhas de muitas pessoas, próximas de nós ou não, interferem em nossos caminhos, enquanto a recíproca também acontece.
É claro que devemos ter sonhos, traçar estratégias, perseverar. Mas precisamos também ter a consciência de que podemos ser afastados da rota a qualquer momento, por imprevistos além do nosso alcance. Já me senti sendo jogada em outra direção mais de uma vez, já me senti impotente diante de situações inesperadas, já me senti revoltada por ter que lidar com isso. E sei que vou me revoltar todas as vezes que isso acontecer.
Azar o meu. Azar o nosso, por considerarmos os gregos ultrapassados, superados. As Moiras riem de nós...